O Sonho
Quando Pedro acordou, tentou recordar-se de todos os pormenores do sonho que tinha tido.
Ele só pensava que nunca tinha tido um sonho como aquele.
Só se lembrava de alguns pormenores. Mas que pormenores...
Era uma manhã linda de Primavera. Ele estava dentro de uma igreja para assistir a um casamento. Estava sentado junto de uma mulher muito atraente que nunca tinha visto e a combinar um encontro para depois do copo de água, quanto ouve a marcha nupcial a anunciar a entrada da noiva.
Era a mulher que tinha encontrado no dia anterior. Nunca tinha visto um anjo tão bonito na terra. Vestia um lindo vestido branco, muito trabalhado que mostravam um decote pouco profundo, mas que ainda assim faziam suspirar qualquer homem na sala.
Quando a noiva chegou ao altar, o padre perguntou onde estava o noivo. Todos os olhos se viraram para Pedro e para a sua acompanhante com um ar reprovador.
- O que estás a a fazer aí? Não devias estar junto da Susana? – gritou Pedro, que era o seu padrinho.
Ele correu então o mais depressa possível em direcção à porta da igreja, e quando estava prestes a sair, ouviu uma voz doce que mais parecia de um anjo:
- Eu amo-te. – disse Susana, com lágrimas nos olhos.
Foi o suficiente para Pedro deixar de correr. Ele inspirou fundo e deslocou-se lentamente para junto da sua noiva. Quando se encontrou junto dela, pediu-lhe desculpas e beijou-a na boca...
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Foi esse beijo que o fez acordar do sonho. Mais propriamente, dum pesadelo. Sim, porque para ele, o casamento era o maior tormento que poderia acontecer a um homem. O homem não é um ser monogâmico por natureza. Tem a necessidade de ter várias parceiras. Por isso, o casamento era algo contra a natureza do homem. Para além, disso, era também como ser condenado a prisão perpétua, pois ficaria privado para sempre da sua liberdade.
Foi isso que o assustou. Nunca tinha pensado em casar, ainda para mais numa altura em que estava no pleno da sua vida.
Mas aquela mulher tinha-o perturbado. E ele nunca mais a iria ver na vida....
Susana? Seria esse o seu nome? Ou seria Maria? Ana? Marta?
Não, Susana parecia bem. Seria a sua Suzie.
Pedro sentiu que tinha de sair daquele estado de quase catatonia. Tinha de encarar a realidade. Tinha tido um bilhete de lotaria premiado nas mãos, mas tinha-o perdido antes de o pode reclamar.
Mais valia pensar em outras mulheres que também nunca iria ter: a Giselle Bunchen, a Laetitia Casta ou a Marisa Cruz.