sexta-feira, junho 20, 2003

Capítulo 1


O Primeiro dia


Tudo começou num dia como tantos outros. Era um dia cinzento, com o céu coberto de nuvens que apenas deixavam passar alguns raios de sol.
Pedro estava a andar calmamente numa das ruas mais movimentadas de Lisboa, quando tudo aconteceu...

Ele era um jovem publicitário de 25 anos, e que era o sonho de qualquer mulher. Tinha acabado de comprar uma casa nova com 4 assoalhadas no centro de Lisboa (com um empréstimo de 30 anos), tinha um Mercedes do último modelo (que estava na oficina devido a um toque sofrido num acidente causado por uma condutora sem qualquer experiência) e tinha sido recentemente promovido. Era um homem elegante, que fazia musculação 3 vezes por semana no ginásio ao pé de casa e que tinha sido modelo durante os anos de faculdade para pagar as despesas. Desde os 18 anos que vivia sozinho. Quando foi para a faculdade, estava decidido a tornar-se independente dos seus pais, que tinham fortuna mais do que suficiente para que o filho nunca precissasse de trabalhar.
Mas ele estava decidido a ser livre e seguir a seu próprio caminho, sem estar sujeito a ninguém.

Ele nunca se sentiu preso por qualquer mulher. A sua única paixão tinha sido a Joana. Colega desde o primeiro ano da faculdade, tinham-se aproximado porque tinham em comum uma forte vontade de viver as coisas dia-a-dia nunca pensando no futuro. Eram pessoas muito parecidas que faziam sempre o que queria, independentemente do que os outros pensassem. Mas um certo dia, Joana decidiu que queria algo mais. Foi nesse preciso momento que começou o fim da relação. Pedro nunca tinha pensado em ter uma relação muito séria que pudesse cortar a sua liberdade.

Desde esse dia, há quase quatro anos, que Pedro já tinha tido cerca de 15 namoradas. Nenhuma relação nunca durou mais de dois meses. Inexplicavelmente, ou talvez não, sempre que Pedro conseguia o que queria, desinteressava-se rapidamente. Perdia totalmente o desejo pela sua companheira. E após uma semana sem responder aos telefonemas, passava para a rapariga seguinte.

Até aquele dia. Pedro viu-a do outro lado da rua. Já tinha estado raparigas mais giras e mais sexys. Mas nunca tinha sentido nada assim. Ele não conseguiu perceber o que estava a passar dentro dele. Foi atracção à primeira vista. Foi algo instintivo. Ela era alta, loira e de olhos claros. Vestia uma mini saia curtinha e um top branco que não mostrava quase nada do seu corpo. Devia ter uns 20 ou 21 anos e devia andar na faculdade, porque levava debaixo do braço um livro ou uma enciclopédia que parecia muito pesada.

Tentou atravessar rapidamente a rua, mas foi impedido pelos carros que passavam a alta velocidade. Assim, sem poder fazer nada, viu-a a entrar num Fiat Uno já com alguns anos e ir-se embora.

Foi a primeira vez que ele a viu. Ele não sabia que não seria a última vez que se encontrariam.