sexta-feira, agosto 19, 2011

Capítulo 30 - A pressa é inimiga da perfeição

Pedro sentia-se algo ansioso. Tinha ligado a Inês no dia anterior por várias vezes e ela não tinha nem atendido, nem devolvido qualquer das suas chamadas. Ele começou a ficar preocupado, uma vez que a última vez que tinha falado com ela tinha sido há cerca de duas semanas.

Tinha sido uma breve conversa por telemóvel, em que ela lhe tinha dito que andava muito ocupada por causa de um projecto novo na empresa em que trabalhava. Estava a ser uma altura muito stressante para ela e ela tinha prometido ligar-lhe para combinar alguma coisa quando as coisas estivessem mais calmas. Mas duas semanas tinham-se passado sem que ela tivesse dado qualquer sinal de vida.
Ele então engoliu o orgulho e tinha ligado-lhe no dia anterior, mas sem qualquer sucesso, o que começava a causar-lhe alguma apreensão. E esse estado de espírito estava a ser notado pelos seus colegas, nomeadamente por Carlos e por Patrícia.

- O que achas que se está a passar com ele? – perguntou Patrícia a Carlos, que já sabia a resposta para a pergunta que tinha feito.
- Não faço ideia… De há duas semanas para cá, nota-se que ele está preocupado com qualquer coisa… e tenho a ideia que nós dois sabemos com o quê… ou mais propriamente, com quem. – respondeu Carlos, que também sabia que só podia ser essa a causa da angústia do seu amigo.
- Pois… Ela!!! – disse Patrícia, com um tom demasiado seco, situação que não passou despercebida ao seu colega.
- Não sejas assim. Ela é uma óptima rapariga. Aliás, tu até já falaste mais com ela do que eu e deves ter percebido isso.
- Tens razão… mas isso não é motivo para ela tratá-lo desta forma. Ele merece melhor. Se fosse eu… - começou Patrícia, antes de instintivamente interromper a sua frase, pois ia dizer mais do que devia.
- Uhm… Se fosses tu? O que queres dizer com isso? – disse Carlos com um ar malacioso.
- Esquece… Só te digo que ninguém o deveria fazer sofrer assim…
- Mas isto é bom para ele. Para ele aprender que não tem o mundo a seus pés e que às vezes tem de ter paciência para conseguir o que quer.
- Vamos ver… - suspirou Patrícia, que mais uma vez ficou com esperanças de que Inês se tivesse desinteressado de Pedro e abrisse uma porta para ela. Apesar das coisas estarem a correr bem com o Miguel, quem ela realmente amava era o Pedro.

Olharam então ambos para Pedro, que continuava a fazer o seu trabalho, mas com um ar desconsolado. Ele já não se conseguia concentrar no seu trabalho, pois só pensava nos motivos pelos quais Inês o estava a ignorar… Será que ela estava mesmo ocupada com o trabalho. Ou seria apenas uma desculpa para não o ver? Ele confiava nela, mas a incerteza estava constantemente presente na sua mente. Por mais que o não quisesse admitir, o medo de perder Inês para sempre era cada vez maior. Ainda por cima, ela tinha-lhe dito na última conversa que estava a dar-se cada vez melhor com o tal colega dela, o Diogo. Será que ela se tinha apaixonado por ele? Por mais inverosímil que essa situação lhe parecesse, tudo poderia ser um motivo para o distanciamento de Inês.

E o que podia ele fazer? Já lhe tinha ligado várias vezes sem sucesso e ligar-lhe mais uma vez, podia levar a que Inês considerasse que ele não estava a respeitar o seu espaço.

Pedro respirou fundo e tentou concentrar-se novamente no seu trabalho. Sim, tentou era a palavra mais correcta, pois durante o resto do dia, por mais que o quisesse evitar, o seu pensamento desviava para o motivo da ausência de qualquer resposta dela.

No final do dia, antes de ir para casa, depois de ter reparado que não tinha feito o que tinha planeado fazer, Pedro suspirou e resignou-se à situação. Não podia fazer nada para obrigar Inês a falar com ele, nem poderia tentar ligar-lhe novamente tão cedo. As suas opções estavam profundamente limitadas e apenas podia esperar. A sua insegurança começava a abalar a sua confiança. Não… Não era a primeira vez que ela demorava a responder aos seus telefonemas. Mas isso não fazia com que custasse menos.

Mas Pedro não teve de esperar muito mais. Nessa noite, após o jantar, quando já se encontrava refastelado no sofá da sua sala, a ver um jogo de futebol do campeonato argentino para tentar evitar pensar nela, o seu telemóvel tocou.

Inicialmente, ele não tinha ouvido o toque, que era actualmente o Yellow dos Coldplay, para condizer com o seu estado de espírito. Após ter chegado do emprego, tinha deixado o telemóvel no seu quarto. Mas por algum motivo que ele não soube explicar, ele teve a sensação de que poderia ter recebido alguma chamada no telemóvel e decidiu por descargo de consciência confirmar que não tinha nenhuma chamada perdida.

Mas não era esse o caso. No visor do seu telemóvel, viu que tinha duas chamadas não atendidas de Inês. O seu coração começou a bater mais rápido e a sua ansiedade aumentou, com a expectativa de falar com ela novamente. Mas ele sabia que tinha de manter-se calmo. Por isso, respirou fundo antes de ligar-lhe.

- Oi – disse Pedro, após Inês ter atendido a sua chamada.
- Olá. Já vi que está muito complicado falar. – disse ela, não evitando um riso que desconcentrou Pedro completamente, gorando qualquer tentativa dele se manter tranquilo e calmo. O quanto ele sentia a falta de ouvir a voz e o riso dela.
- Parece que sim. Mas ainda bem finalmente temos a oportunidade de por um pouco a conversa em dia.
- Sim… Desculpa lá ter-te ignorado nos últimos tempos, mas o trabalho tem estado impossível. O dia passa a correr e quando chego a casa quero apenas tomar um banho relaxante e ir dormir.
- Sim, percebo perfeitamente. – disse Pedro, que embora no seu íntimo percebesse a situação, também não gostava da sensação de ansiedade provocada pelo facto dela não lhe atender as chamadas.
- Infelizmente, este projecto é coisa para durar ainda mais algum tempo. Aliás, não posso falar contigo muito tempo, pois tenho de voltar ao trabalho. O meu colega já me está a fazer sinais de que tenho de me despachar. E ele é muito controlador neste tipo de situações.
- Ainda estás a trabalhar a esta hora? Estás aí sozinha com o teu colega?
- Alguém está a ficar com ciúmes… – troçou Inês. Sim, estou sozinha aqui com ele, mas estamos a trabalhar…e muito, infelizmente… Mas mesmo que não estivesse, não tinhas nada a ver com isso. Não te devo explicações nenhumas.
- Sim. Tens razão. Mas quando eu perguntei-te, não foi pelo motivo que estavas a pensar – tentou Pedro disfarçar.- Estava apenas preocupado com a tua segurança… nunca se sabe quem pode aparecer aí durante a noite.
- Claro, claro… Foi só mesmo por isso – exclamou Inês, não escondendo a ironia nas suas palavras. – Mas estava a ligar-te pois vou ter o dia de folga no Sábado e queria saber se querias combinar um almoço. Aviso-te que não sei quando irei ter tempo novamente para por a conversa em dia contigo.
- Uhm… Deixa-me consultar a minha agenda. Bem, tinha aqui um blind date com uma super-modelo para Sábado conhecida de uns amigos, mas vou mudar para o jantar. Afinal, tenho de aproveitar a tua disponibilidade.
- Já vi que continuas engraçadinho como sempre.- Ficamos então combinados?
- Combinadíssimos. Então, depois marcamos o sítio. Ainda ficas a trabalhar?
- Sim – disse Inês com uma voz desconsolada.- A noite é ainda uma criança.

Após Inês ter desligado, Pedro sentiu uma sensação de alívio. Não estava mesmo à espera que ela lhe ligasse essa noite para combinar um encontro com ele. Sim, era apenas como amigos, mas mesmo assim, ela podia muito bem ter escolhido outra pessoa para passar o pouco tempo livre que ela tinha disponível.
Um sorriso não deixou de estar presente na cara de Pedro durante o resto da noite. Aliás, durante o resto da semana. Ele gostava mesmo a sério dela. A sensação de vazio na sua vida quando não estava com ela era demasiado grande e ele não queria que essa sensação permanecesse. Mas estava tudo nas mãos dela.

E foram estes pensamentos que estiveram presentes na mente de Pedro até ao dia do almoço. Como habitual, ele tinha chegado primeiro que ela ao restaurante e aproveitou esse tempo para pensar em como as coisas poderiam correr naquele dia. Ele já lhe tinha dado algum tempo e as coisas estavam a correr bem. Mas por quanto mais tempo teria ele de esperar? Ele não a queria pressionar, mas aquela sensação de impotência para mudar as coisas estava constantemente na sua cabeça.

Mas a sua reflexão foi interrompida quando Inês chegou finalmente. Ela estava linda, com um top branco pouco revelador e uma pequena saia preta que lhe ficava muito bem. Mas ela podia ter-se vestido com um saco de batatas que ele acharia-a linda na mesma. Ele estava contente só de estar com ela e ter a oportunidade de olhar para o seu rosto e para os seus olhos.

- Desculpa o atraso – disse Inês, ao mesmo tempo que lhe dava um ligeiro beijo na face.
- Não há problema. Já estava à espera. – respondeu, ao mesmo tempo só pensava nas saudades que tinha do aroma suave do perfume dela.
- Pois… Há coisas que nunca irão mudar – disse Inês, com um sorriso contido.
- Eu sei… Mas é daquelas coisas que fazem parte de ti e tu não serias tu se não fosses assim.
- Não percebi se isso foi um elogio ou não.
- É melhor não saberes. – Pedro já sentia imensa falta destas provocações e sentia que esse sentimento era retribuído. – Mas já vi que estás com umas olheiras enormes.
- Pois… o que é que hei-de fazer? O trabalho não pára e ainda irá continuar mais umas semanas. O tal projecto de que te tinha falado vai-se prolongar ainda mais e terei de aguentar.
- Sim… eu percebo. – disse Pedro, tantando mostrar empatia pela situação.
- Não tem sido nada fácil. O que vale é que eu e o Diogo estamos a dar-nos cada vez melhor o que tem ajudado a passar o tempo.

Uma sensação de cíumes atravessou por completo o corpo de Pedro. Esse tal de Diogo era o tal colega com que ela estava a passar as últimas noites. Ele nunca se sentira ameaçado, pois ela sempre lhe tinha dito que ele era um colega antipático e que não falava com ela, mas parecia que as coisas estavam a mudar. Ele estava a sentir-se um pouco ciumento, mas infelizmente, não podia dizer nada a Inês, pois ambos eram apenas amigos e sabia que qualquer insinuação da sua parte apenas iria conduzir a discussões entre os dois. Eles tinham estado tão pouco tempo juntos nos últimos tempos, que não queria perder tempo a discutir com ela. Preferia aproveitar e disfrutar estes breves momentos com ela.

- Ainda bem. É sempre mais fácil trabalhar com alguém com que nos damos bem.
- Sim… é mesmo isso. E ao contrário do que eu pensava, ele é uma pessoa bem mais acessível do que pensava. È é demasiado introvertido, mas quando se dispõe a abrir para alguém, não é assim tal má pessoa.
- Ainda bem para ti. – Pedro estava a ficar cada vez mais desconfortável com a conversa, pelo que desviou a conversa para outros temas, que não implicassem a menção ao colega de Inês.

Durante o almoço, os dois passaram mais tempo a conversar do que a comer os pratos que tinham pedido. Tal como antigamente. Os dois não paravam de rir e quem os visse naquele momento não teria qualquer dúvida que eram um casal que já estava junto há muito tempo.

Pedro queria que este almoço se prolongasse para sempre. Há algum tempo que não estava com ela e sabia que enquanto fossem apenas amigos, ele apenas iria estar com ela esporadicamente. E isso não era suficiente. Ele precisava de estar mais tempo com ela, pois era a única altura em que ele se sentia verdadeiramente feliz. Mas não sabia o que ela estava a pensar.

Ele esperava já ter-lhe provado que ela poderia confiar nele novamente, mas ela nunca tinha feito qualquer referência a esse facto. E os dois foram feitos um para o outro. Mas enquanto fossem apenas amigos, ele corria o risco de outra pessoa arrebatar o coração dela. E ele não podia correr esse risco. Tinha uma decisão difícil a tomar. Mas soube que tinha arriscar. Não a queria pressionar, mas já era o momento ideal para saber o que ela sentia.

- Mas posso fazer-te uma pergunta? – disse Pedro com um ar um pouco mais sério.
- Claro… Diz… Eu é que posso não responder-te – respondeu Inês com um sorriso.
- Achas que… - Pedro interrompeu o que ia dizer, pois teve segundas dúvidas sobre se estava realmente a tomar a atitude correcta. Mas sabia que tinha de dizer o que lhe ia na alma e arriscar. - … já me perdoaste ? Já confias em mim?

Inês receva este momento já há algum tempo. Sabia que os sentimentos de Pedro não tinham desaparecido e por mais que ainda gostasse dele e por mais que ele já lhe tivesse demonstrado que tinha mudado e que estava disposto a esperar por ela, ainda não confiava totalmente nele. O facto de ter aberto o seu coração e ter sido magoada por um homem novamente ainda não tinha sido totalmente ultrapassado. Ela achava que os dois ainda seriam felizes juntos no futuro. Só precisava de mais algum tempo. Uma parte de si dizia para aproveitar este momento para reatar com Pedro. Mas a parte do seu coração que tinha sido magoado e que ainda não tinha recuperado totalmente, pedia-lhe mais algum tempo. Dizia-lhe que se ele gostava mesmo dela, iria respeitar a sua decisão e esperar até que ela estivesse preparada. Não era fácil abrir o coração mais uma vez, pois as cicatrizes da ferida que ele lhe tinha causado ainda permaneciam.

- Sabes… essa é uma pergunta complicada. Sim, já te perdoei o que me fizeste.
- Mas? – Pedro sentiu pelo tom de voz dela, que iria existir um mas.
- Mas…acho que ainda preciso de mais algum tempo. Tu sabes que eu gosto de ti. Mas…
- Sim, eu sei. E é por isso que acho que era altura de nós juntarmos novamente. Para mostrar-te que as coisas serão diferentes desta vez.
- Mas ainda não estou preparada. E tu disseste que estavas disposto a esperar.
- Inês… Tu sabes que eu gosto de ti. Mas não posso esperar para sempre. Não posso ficar com a minha vida parada indefinidamente, à espera que tu te decidas. Uma coisa é pedires-me um mês, ou três ou seis meses. Outra coisa é estares à espera que eu esteja para sempre à espera de ti. – Pedro sentia a dureza nas suas palavras, mas não tinha conseguido conter-se mais. Ele amava Inês, mas precisava de alguma sinal dela que ela iria voltar para ele, mais cedo ou mais tarde. Ele não queria ser apenas amigo dela. Isso ela já sabia. Mas se não existisse nenhuma hipótese dela lhe perdoar, então o que estavam eles a fazer?

Ele já lhe tinha dado algum tempo para ela tomar uma decisão. Mas hoje, ela tinha-lhe pedido mais tempo. Não, ele não podia continuar a viver assim. À espera que ela lhe ligasse. À espera de que ela lhe devolvesse a chamada. Ele precisava dela na sua vida. Mas se ela não fosse nunca esquecer o passado, porque é que ele haveria de estar nesta incerteza permanente em vez de seguir com a sua vida?

- O que queres dizer com isso? Estás a fazer- me um ultimato? Ou aceito voltar para ti, ou não esperas mais por mim? – notava-se pela voz de Inês que ela estava a começar a ficar exaltada.
- Não, não era isso que eu te queria dizer. Eu já esperei tanto tempo por ti, que posso esperar mais algum tempo. Mas queria era saber se esse dia irá chegar eventualmente.
- Pedro… Não te consigo prometer nada. Eu gosto de ti, mas ainda não estou preparada. Neste momento, apenas consigo ser tua amiga. E se para ti isso não é suficiente, talvez seja melhor não nos vermos mais.
- Inês… tu sabes que eu estou disposto a esperar por ti. Se agora apenas estás preparada para ser minha amiga, então amigos seremos.

Pedro soube que as coisas não seriam mais as mesmas, como se comprovou pelas conversas que tiveram até ao final do almoço.

Tinha decidido arriscar, mas as coisas não tinham corrido como gostaria. Talvez até a tivesse afastado ainda mais. Foi um risco que tinha decidido correr. Pedro lamentou-se da decisão que tinha tomado. Se tivesse ficado calado, talvez as coisas tivessem sido diferentes.

Mas na vida, em certas ocasiões surgem encruzilhadas. E Pedro sabia que se não tivesse dito nada, corria o risco de perdê-la para outra pessoa. Assim, ao menos ela ficava a saber o que ele sentia. Mas Pedro sabia que teria de viver com as consequências deste acto para o resto da sua vida…

quinta-feira, agosto 04, 2011

Capítulo 29 - As coisas mudam...

Inês levantou-se da cama com um sorriso nos lábios… parecia-lhe que finalmente que tudo estava a correr-lhe bem. As coisas estavam a correr muito bem no seu emprego, não estava agora a sair muito tarde e aos poucos as coisas estavam a recompor-se com Pedro. Não, ainda era cedo demais para reatar com ele, mas o tempo tinha-a levado a pensar que ele estava mesmo mudado e que já faltava cada vez menos para que os dois se juntassem novamente…Até porque ela sentia mesmo a falta dele…Mas tinha mesmo de ter alguma paciência até porque tinha prometido à Rita e ela não era pessoa para quebrar uma promessa à sua amiga.

Mas depressa o sorriso desapareceu, após ter demorado quase uma hora e meia para chegar ao escritório, devido a um acidente que apanhou no caminho. Não era muito habitual ela chegar atrasada… muito pelo contrário, mas hoje era daqueles dias em que tudo parecia estar a correr mal, pois assim que chegou, a sua colega Sónia avisou-lhe que o chefe dela, o Dr. Rui tinha perguntando por ela. A Inês só pensava na sua sorte: no preciso e raro dia em que chegava atrasada, o chefe perguntava por ela. O que mais poderia acontecer?

Ela levantou-se logo da sua mesa e dirigiu-se ao gabinete do Dr. Rui, que ao contrário do habitual, encontrava-se fechado. Foi então informada pela secretária que ele se encontrava numa reunião que iria demorar toda a manhã, e que ela deveria tentar falar mais tarde com ele.

Inês resignou-se e sabia que não podia fazer mais nada do que esperar e continuar a trabalhar. Mas ficou interrogada sobre qual o motivo que o seu chefe teria para querer falar com ela.

Mas a sua curiosidade aumentou, quando o seu departamento foi convocado para uma reunião a seguir ao almoço. Todos se interrogavam sobre o motivo pelo qual a reunião tinha sido marcada e surgiram alguns rumores de que estavam a pensar fazer cortes no pessoal, para reduzir custos. Quando estes rumores chegaram aos ouvidos de Inês, ela começou a ficar preocupada, pois era das pessoas com menos tempo de casa e com menos experiência. O dia só parecia que estava a piorar cada vez mais e a sua ansiedade aumentava a cada momento que passava.

Mas finalmente tinha chegado a hora da reunião. Todas as pessoas do departamento entraram silenciosamente na sala de reuniões marcada para o efeito e sentaram-se sem grande alarido, à espera que o chefe chegasse. Já não faltava muito para que as dúvidas fossem dissipadas.
Quando o Dr. Rui chegou à sala agradeceu a todos os presentes a sua presença e começou a falar das dificuldades económicas que a empresa estava a passar, com a crise a afectar a actividade da empresa. O pânico começou a assaltar o espírito das pessoas na sala, pois não imaginavam onde é que esta conversa iria terminar. Inês foi uma dessas pessoas. O seu nervosismo aumentava a cada palavra que era dita e não podia fazer nada para o impedir. Seria por isso que o seu chefe tinha querido falar com ela de manhã?

Mas felizmente, passado meia hora ouviu-se um suspiro de alívio conjunto na sala. O Dr. Rui comunicou que por forma a fazer face às necessidades dos outros departamentos da empresa nesta altura mais complicada, tinha sido decido pela Direcção a criação imediata de um projecto que envolvia vários departamentos para tentar responder aos desafios que se apresentavam. E que seria necessárias duas pessoas do departamento financeiro, para fora do horário normal de trabalho, participar nesse projecto, o que iria implicar um grande sacrifício pessoal dos voluntários.

O único a oferecer-se quase de imediato foi o Diogo, o que não surpreendeu nenhum dos presentes da sala. Era mesmo o tipo de pessoa que estava disposto a trabalhar fora de horas por forma a mostrar-se aos chefes e progredir na sua carreira. Mas seguiu-se um momento de silêncio constrangedor, em que mais ninguém se voluntariou.

Inês debateu-se com um dilema pessoal. Ela até achava que seria um projecto interessante e que iria enriquecer a sua carreira, mas por outro lado implicava mais uma série de noites de trabalho duro e stressante, o que iria novamente prejudicar a sua vida pessoal. E a sua relação com Pedro… ou melhor, a sua quase-relação com Pedro podia ser afectada por isso.
Mas não podia deixar que os sentimentos por alguém pudessem afectar a sua carreira. Se ele realmente gostasse dela, estaria disposto a esperar mais um pouco, até que ela tivesse mais disponibilidade para ele. Era um sinal de que ele tinha realmente crescido face ao passado.

Por isso, de forma muito relutante, Inês acabou por se voluntariar para integrar o projecto, sem imaginar o impacto que essa decisão acabaria por ter na sua vida.

Ela e o Diogo foram então informados pelo seu chefe que o projecto iria iniciar-se já na segunda-feira seguinte, tendo este também agradecido a ambos a sua disponibilidade.

Inês suspirou então de alívio, pois pelo menos iria ter o fim-de-semana para se preparar para as semanas difíceis que viriam. Mas depois lembrou-se que iria passar novamente mais uma série de semanas com o Diogo e a sua impessoalidade… Mas não podia fazer nada para evitar isso…

Mas depressa chegou o primeiro dia do projecto. Ou mais propriamente a primeira noite… O responsável do projecto explicou a todos os membros da equipa, na qual Inês e Diogo estavam incluídos, que o projecto tinha a duração prevista de um mês, embora pudesse ser prolongado mais umas semanas, dependendo da evolução do mesmo. E formou as várias equipas de entre os presentes, tendo ela e Diogo ficado integrados na mesma equipa.

Inês pensou que iria ser um mês difícil, pois já estava habituada à atitude demasiado profissional e introvertida do seu colega. Mas era um sacrifício que teria de fazer. E um mês passava num instante. Pelo menos era o que ela esperava.

Mas a primeira noite deu para ela ter uma amostra do que lhe estava destinado. Foi uma noite em que ambos ficaram praticamente calados o tempo todo a tentar preencher os documentos e relatórios. O silêncio era apenas interrompido quando ela tinha algumas dúvidas, que Diogo não se importava de retirar. Mas tirando isso, ele não lhe dirigia a palavra. E ela, por sua vez, mesmo sendo muito extrovertida, sentia-se algo condicionada, pois não queria estar a meter conversa com ele, quando era claro que ele não estava interessado nisso e apenas queria trabalhar. No final da noite, quando todas as equipas foram para casa, contavam-se pelos dedos as vezes em que o silêncio tinha sido quebrado entre os dois.

Inês quando chegou a casa, antes de se ir deitar, apenas pensou que iria ser um mês muito comprido e não tinha esperança de que as coisas melhorassem.

As suas previsões acabaram-se por concretizar, pois o resto da semana foi muito semelhante ao primeiro dia. Custava-lhe muito que isso acontecesse, pois ela por natureza tinha a tendência para tagarelar, mas a frieza com que o colega a tratava, tirava-lhe qualquer vontade de falar com ele. Até porque ele mostrava-se muito concentrado no que estava a fazer e demonstrava que não queria ser incomodado com coisas triviais. Ela não se podia queixar da ajuda dele, pois ele era uma pessoa muito inteligente e prática e conseguia desenrascá-los aos dois nas tarefas que eram atribuídas à equipa. Mas ela não estava a ser ela própria. E isso era algo que ela detestava.

Mas as coisas não mudavam. Dia após dia, a rotina era sempre a mesma. Depois do trabalho normal diário, iam os dois para a sala de reuniões com as restantes equipas envolvidas no projecto. E ela acabava invariavelmente na mesma equipa do Diogo, onde o trabalho decorria sempre da mesma forma.

Até que numa noite, Inês decidiu que tinha mesmo de falar com o seu colega. Eles até estavam a cumprir com as tarefas que lhes iam sendo atribuídas, mas não percebia o motivo pelo qual ele agia assim. E mais valia falar agora, do que aguentar mais duas semanas e meias naquela situação inconfortável. Isto se o projecto não se prolongasse.
Por isso, numa altura em que as coisas estavam mais calmas, ela decidiu arriscar.

- Diogo… Podemos falar?
- Claro. Tens alguma dúvida?
- Não, não era por causa de nenhuma dúvida. Precisava de esclarecer uma coisa contigo.

Inês reparou logo na mudança da expressão facial do seu colega quando disse essas palavras, pois tinha-se tornado ainda mais sisuda.

- Mas sobre o que queres falar? – Interrogou-se Diogo, mostrando um certo ar de surpresa.
- Queria falar da forma como estamos a trabalhar juntos.
- Mas achas que não estamos a trabalhar bem? Estamos a fazer tudo o que nos foi pedido e até já fomos elogiados por isso.
- Sim… eu sei… mas não é isso. É que queria falar da forma como nós os dois nos relacionamos. Não sei… parece que não gostas de mim e tentas evitar falar comigo… até pode não ser isso, mas é a impressão com que fico.
- Inês… podes estar descansada… não tenho nada contra ti… é só que estou muito concentrado no que estou fazer e quero garantir que as coisas correm bem.
- E achas que eu não quero? E que não estou empenhada no projecto? É que acho que as coisas poderiam correr melhor se nos dessemos melhor… as horas e as noites passariam mais depressa…

Diogo calou-se momentaneamente e reflectiu no que haveria de dizer. Sabia que ela tinha razão. Eles estavam praticamente obrigados a estar mais tempo juntos do que com as próprias famílias e amigos e não era justo para ela ter como companhia alguém que não queria falar com ela a não ser quando fosse necessário. Ele tinha sido sempre uma pessoa fechada por natureza… era mesmo próprio da sua personalidade… mas soube que tinha de fazer um esforço para ser mais sociável, pois caso contrário poderia surgir problemas com Inês, o que iria acabar por afectar o projecto.

- Sim… tens toda a razão… mas tens de perceber que eu sou assim por natureza… mas vou fazer um esforço para melhorar…
- É só isso que te peço. Não te vou obrigar a mudares, mas agradeço que pelo menos estejas disposto a fazer o esforço.
- Sim… vou fazer esse esforço. Eu prometo.
- E para iniciar esta nova fase, fazemos um pacto. Cada um irá contar algo que mais ninguém aqui na empresa sabe. E quero que saibas que podes confiar em mim.
- Inês…- disse Diogo, após uma breve pausa – essa questão nunca se colocou. Nunca me deste motivos para não confiar em ti. Mas queres que eu comece?
- Não…como fui eu que tive a ideia, eu começo. Sabes quem eu descobri que andava com a Mónica da área comercial? O André da área das compras. Cá eles fingem que não se conhecem, mas um dia vi-os muito juntos num restaurante, num jantar romântico.

- Não… A sério? Nem fazia ideia? Mas mais alguém sabe?
- Não… eu não contei nada a ninguém… Não tem nada a ver comigo, nem com mais ninguém da empresa. É daquele tipo de coisas que diz respeito apenas a eles os dois e a mais ninguém. E só te conto a ti, pois sei que não vais contar a ninguém.
- Obrigado pela confiança. Claro que não vou contar a ninguém. Agora é a minha vez, certo?
- Sim… Estou curiosa para saber o que aí vem…
- Mas prometes que fica entre nós?
- Claro que sim…
- Bem.. A Mónica e o Jorge não são os únicos que têm um romance no escritório… - disse Diogo, aguçando a curiosidade da sua colega. - Eu tenho uma relação secreta com a Sónia já há uns meses.

Inês ficou completamente chocada. Nunca iria pensar que a sua amiga Sónia se pudesse envolver com alguém como o Diogo. Eram pessoas muito diferentes e com personalidades opostas. Se bem que ela tinha dito que estava a andar com alguém nos últimos tempos e estava a fazer segredo da pessoa.

- Não posso… Estás mesmo a falar a sério?

Diogo fez mais uma pausa, tendo colocado um ar muito sério antes de responder à sua colega.

- Achas mesmo? – disse Diogo, tentando evitar um sirriso.
- Não sei… Podia ser verdade… mas não foi isso o combinado. Era suposto contarmos um ao outro uma coisa que mais ninguém soubesse – reclamou Inês, como era seu hábito.
- E foi o que fiz. Provei-te que tenho um sentido de humor, ao contrário do que todos no escritório pensam…

Inês esboçou um genuíno sorriso ao seu colega e soube que as coisas iriam mudar para melhor e que ambos se iriam dar melhor no futuro…

quarta-feira, agosto 03, 2011

Capítulo 28 - Palavras escondidas...

Patrícia encontrava-se compenetrada nos seus pensamentos, quando sentiu algo a bater na sua cara. Tinha sido uma daquelas pequenas bolas de esponja com o logótipo da empresa que alguém tinha atirado contra ela. Mesmo sem se virar na direcção do culpado, ela já sabia quem o tinha feito.


Realmente, Pedro nos últimos dias tinha recuperado a alegria que tinha desaparecido nos últimos meses. E tinha novamente disposição para este tipo de brincadeiras com ela. E só poderia existir um motivo para esta mudança de disposição. As coisas deveriam estar a correr melhor com a Inês. Apesar dele não lhe ter dito explicitamente, notava-se que ele tinha novamente voltado a sair com ela. Não, as coisas ainda não estavam como eram antes. Mas seria uma questão de tempo até as coisas mudarem. E ela sabia que ela tinha sido uma das principais responsáveis pela reaproximação dos dois. Ela podia ter ficado calada no jantar de anos de Pedro e não ter dito nada a Inês. Se assim ela o tivesse feito, os dois continuariam afastados. Mas ela já não suportava a tristeza e melancolia na vida de Pedro, e por mais que lhe custasse a ela própria, ela estava disposta a perdê-lo, pois o que ela mais queria era que ele voltasse a ser o Pedro de sempre… Era muito difícil para ela. Foi um sacrifício que nunca ninguém saberia que tinha feito. Quem nunca sofreu, nunca amou. E quem já amou, já sofreu…

Quem nunca fez algo por alguém, sem essa pessoa saber de nada? Era esse o papel que lhe tinha sido reservado na saga de Pedro e Inês. O de uma personagem secundária, a que ninguém ligava muito, mas que teve um papel fulcral no desenrolar da história.

Todos estes pensamentos passaram num segundo na sua cabeça, antes de se virar para Pedro.

- Já vi que estás sem nada para fazer… - disse, fingindo um tom agressivo na sua voz.
- Desculpa, não me consegui conter. Quando te vi aí parada à frente do PC, tinha mesmo de fazer aquilo.

Patrícia sorriu no seu íntimo, pois sentia que Pedro estava feliz. E ainda por cima, essa mudança do estado de espírito tinha provocado uma reaproximação entre os dois, se bem que ele continuasse a vê-la só como uma amiga.

- Folgo em saber isso.
- Vá lá… não é a primeira vez que te faço isto.
- Sim… não é a primeira… E tenho a sensação de que não será a última… Mas o que vieste fazer ao meu humilde gabinete?
- Tens um tempinho para falar?

Patrícia quase congelou ao ouvir essas palavras. Já imaginava o que estaria para vir. Infelizmente, o facto de Pedro ter voltado a recorrer a ela para ser sua confidente, também trazia um reverso da medalha. Um dia, ele iria voltar a falar da sua quase relação com Inês. Ela sabia que era inevitável, mas tinha o secreto desejo que fosse o mais tarde possível. Se ele soubesse o transtorno que lhe estava a causar, ele talvez não lhe diria nada. Mas não sabia, porque ela própria não queria que ele soubesse.

- Claro. Desde que não atires outra vez uma bola contra mim.
- Vou tentar conter-me.
- Fica combinado. Então, que novidades tens para me contar?
- Queria pedir-te um conselho.- Patrícia sabia que o momento que tanto receava estava prestes a chegar.
- Já sabes que podes confiar em mim. Diz-me lá.

A cara de Pedro ficou mais séria. Os seus olhos demonstravam que tinha algum receio em fazer-lhe a pergunta. Após ter dado um ligeiro suspiro, disparou:

- Não sei se te tinha dito, mas no fim de semana passado, estive com a Inês…

Mesmo estando à espera desta situação, Patrícia sentiu um calafrio quando ela se concretizou.

- Não, não foi nada do que estás a pensar… foi só um cafezinho, para por a conversa em dia. Como se fossemos dois bons amigos.

- Ah… não fazia a mínima ideia. E como é que correu? – disse Patrícia, tentando com o largo sorriso esconder o incómodo que esta conversa lhe estava causar.
- Bem…Aliás… muito bem. Foi como nada se tivesse passado antes.
- Mas? – Patrícia sabia que teria de haver algo mais, para ele querer falar com ela.
- Mas, faltou algo… Eu senti que ela estava a gostar de estarmos juntos novamente… mas senti que ela estava a conter-se em alguns momentos… como se ainda não confiasse totalmente em mim...
- Sabes.. Isso é normal… esta coisas levam tempo… mas já é muito bom as coisas estarem a comporem-se.
- Tens razão… não posso apressar as coisas. Mas queria mesmo que as coisas voltassem a ser como dantes… Mas ainda somos apenas amigos…

Ao ouvir estas palavras, Patrícia sentiu por uns breves momentos, uma esperança. Mas rapidamente ela desvanesceu-se. Ela sabia que mais cedo ou mais tarde ele e Inês iriam acabar por voltar a estar juntos. E queria que isso acontecesse o mais cedo possível, pois quando mais tempo isso demorasse a acontecer, mais tempo iria alimentar aquela sensação de ainda ser possível que Pedro olhasse para o lado e a visse de uma forma diferente. E isso iria impedi-la de seguir com a sua vida.

- Eu sei que as coisas vão mudar. Ela não vai conseguir resistir para sempre ao teu charme – disse Patrícia com um sorriso maroto ao mesmo tempo que pousou a mão em cima do ombro do seu amigo. – tens de a reconquistar aos poucos…

- Sabes… Eu não sei o que faria sem ti. E sem os teus conselhos. És a melhor amiga a quem eu poderia recorrer para me ajudar neste tipo de coisas.
- Já sabes… ficas a dever-me um favor.
- Não será o primeiro.
- Eu estou a contar.
- Eu sei bem que sim… - disse Pedro com um sorriso. – Mas chega de falar de mim. Como é que estão a correr as coisas com o Miguel?

Patrícia pensou um pouco antes de responder. Não sabia muito bem o que lhe dizer. As coisas estavam a avançar lentamente com o Miguel, o tal homem com quem tinha jantado há uns meses atrás e tinha-se dado muito bem. E ao contrário do que imaginava que iria acontecer nesta altura, ele ainda estava interessado nela, mesmo após ela ter estado nuns meses terríveis numa campanha que a obrigou a imensas noitadas e fins de semana. Mas ele devia mesmo estar interessado nela, pois teve muita paciência e demonstrou que estava disposto a esperar por ela.
Foi por isso que teve vários encontros com ele. Acima de tudo, ambos estavam a aprender a confiar um no outro e a conhecer-se melhor. Ambos eram muito parecidos e gostavam das mesmas coisas. Ele era perfeito para ela… Mas ela ainda não tinha deixado cair todas as suas defesas, uma vez que tinha aquela ideia estúpida de que Pedro ainda poderia vir a interessar-se por ela e que assim que ela entrasse numa relação com Miguel, a porta fecharia para sempre. E era por isso que ela tinha medo do que dizer a Pedro, com medo de dizer algo que o afastasse para sempre. Não que ele tivesse alguma vez próximo dela.

- Estão a correr bem. Fui jantar com ele na semana passada. Fiquei de lhe ligar para combinar qualquer coisa esta semana.
- Já vi que as coisas estão a começar a ficar sérias.
- Não sei ainda… Vamos lá ver como as coisas correm. Por agora estamos a levar as coisas devagar.

Patrícia tinha muito cuidado em cada palavra que dizia. Não queria dizer nada que pudesse afastar Pedro, nem dizer uma mentira ao seu amigo.

- Fico feliz por ti. Vejo que tens estado feliz com ele e isso é que interessa. Ele seria um parvo em não querer ter algo mais sério contigo.

Patrícia ficava sempre um bocado atrapalhada, quando Pedro lhe fazia um elogio destes. Ficava dividida, pois sempre lhe fazia ter esperança de que ela gostasse dela. Mas no seu íntimo, ela sabia que isso não era realidade.

- Vamos ver.. Eu ainda não sei se quero ter uma relação séria com ele… Mas estão a correr bem…. – disse Patrícia, que ficou um pouco desiludida pelo facto de Pedro não ter demonstrado qualquer indícios de cíumes da sua quase relação com o Miguel.

- Espero que sim… já estás a ficar para velha… é melhor aproveitar enquanto ainda estiveres minimamente atraente para tentar enganar alguém a ficar contigo- disse Pedro, desta vez já com um ar menos sério.

- Ora… Vá…Vamos trabalhar… - disse Patrícia, com um grande sorriso nos lábios, sorriso esse que só o Pedro lhe conseguia causar.