segunda-feira, junho 07, 2004

Capítulo 6

A dúvida

Pedro não conseguiu concentrar-se o dia todo. Não parava de pensar em Inês.

Pela primeira vez na vida, Pedro estava com medo de ligar a uma mulher. O seu maior pesadelo era que ela tivesse mudado de ideias e já não quisesse sair com ele...
Ou pior ainda, que o número de telemóvel que ela lhe tinha dado era falso. E se ela se tivesse enganado a escrever o número?
Todas estas ideias passaram pela sua cabeça, antes dele finalmente decidir ligar-lhe. Pouco passava da sua hora de saída (embora ele ficasse sempre mais tempo do que o previsto no seu horário de trabalho).

- Estou?- ouviu-se uma voz masculina. Pedro assustou-se. Por que razão estaria ele a ligar para um homem?
- Estou? Está aí alguém?
- Boa tarde. Podia falar com a Inês?
- Deve ser engano. Eu não conheço nenhuma Inês. Quem é que fala?

Pedro desligou se seguida o telefone, nem sequer se dignando a responder à pergunta do seu interlocutor. Por sorte, o seu telemóvel não tinha o número identificado.
Ele começou a sentir-se atrapalhado. Por que motivo não tinha ele conseguido falar com ela? Todas as hipóteses em que ele tinha pensado voltaram à sua cabeça. Com maior calma, marcou novamente o número que Inês lhe tinha dado.

- Estou? - respondeu uma voz que era claramente a de um anjo. Era ela. Devia ter marcado o número errado há bocado. O que ele iria dizer?
- Estou? Inês?
- Sim. é ela própria. Mas quem é que fala?
- O homem dos teus sonhos... - ouviu-se um riso no outro lado da linha.
- Olá, Pedro. Estava a pensar porque tinhas demorado tanto tempo a ligar. Pensei que estivesses mais interessado em mim. Depois de tudo o que me disseste...
- Tu deste-me a volta à cabeça. Estive o dia todo a pensar se te devia ou não ligar...
- E o que é que decidiste?

Pedro sorriu. Gostava de uma mulher com um bom sentido de humor.

- Decidi que já não queria ver-te novamente. Mas por uma questão de consciência, pensei que irias ficar a noite toda acordada à espera do meu telefonema,preocupada com o que poderia ter acontecido comigo...
- E decidiste-me ligar. Que atencioso...
- Na verdade, queria saber se ainda estavas interessada em jantar comigo.
- Depende. Onde é que me pensas levar?
- Ao McDonald's. Soube que agora servem umas saladas óptimas.
- Como é que adivinhaste que eu estava em dieta? Também tu achas que estou a ficar gorda...- gracejou Inês.
- Sim realmente, eu próprio disse-me a mim próprio. é melhor convidá-la hoje, porque daqui a uma semana ela já parece um hipopótamo...
- Que gentil. É a primeira vez que me chamam de hipopótamo. Tu realmente sabes o que as mulheres gostam de ouvir.
- Pois sei. Já sou um homem muito experiente. Ao contrário de ti, que és uma rapariga ingénua e que é facilmente enganada por pessoas com intenções menos respeitaveis.
- Já paraste de gozar comigo?
- Eu não estou a gozar. Aliás, eu estou falar muito a sério- disse Pedro, não conseguindo evitar uma riso.
- Pois, pois. A seguir vais dizer que és o homem da minha vida.
- Como é que adivinhaste. Nós fomos feitos um para o outro. Só preciso de uma hipótese para te mostrar isso. Vamos a um restaurante pequeno que eu conheço ao pé de Alcantara. É sossegado e muito calmo. De certeza que vais gostar.
- Espero bem que sim...

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