Uma noite inesquecível...
Estava uma noite um bocado fria. Já era final de Novembro e o Inverno estava a chegar.
Pedro encontrou-se com Inês à porta do cafézingo, que estava a abarrotar. Era dia de jogo e ninguém queria perder pitada do jogo que envolvia o Sporting com uma equipa turca com um nome impronunciável.
Ele era um fanático de futebol e do Sporting, e nunca perdia um jogo. Mas hoje, nada mais para além de Inês parecia importante.
Sentaram-se numa mesa que entretanto tinha ficado vazia. Pedro foi o primeiro a quebrar o silêncio.
- Senti imenso a tua falta.
- Eu também. Não consegui concentrar-me no exame, porque só pensava no que te havia de dizer.
- Não me digas. Então correu-te mal.
- Não tão bem como queria, mas tinha coisas mais importantes em que pensar.
- Eu também só pensei em ti desde aquela noite. Ainda não percebo porque me beijaste... Eu pensei que...
- ... que eu queria que as coisas corressem mais devagar? – interrompeu Inês - Era também o que eu pensava. Mas quando estava a entrar em casa olhei para ti e não resisti. Fiz algo que o meu coração me estava a pedir mas que a minha cabeça não me deixava.
- Não está arrependida do que fizeste? – disse Pedro, ao colocar as suas mãos por cima das mãos dela.
- Não. Por estranho que pareça, não. Eu não quero que ninguém saia magoado.
- Mas porque é que alguém haveria de magoar-se?
Patrícia hesitou um bocado antes de responder. Mas finalmente decidiu desabafar as suas inseguranças.
- Nós dois sabemos que as relações são difíceis e que exigem sempre muito trabalho para que as coisas corram bem. Existem sempre obstáculos que são difíceis de ultrapassar. E que certas pessoas quando sentem dificuldades, preferem afastar-se. E isso causa sempre muito sofrimento à outra pessoa.
- Eu prometo-te que isso nunca irá acontecer. Eu estarei sempre do teu lado. Eu sei que não sou um homem perfeito e que o meu passado não é nada famoso. Mas eu estou disposto a mudar. Acredita em mim...
- Eu acredito, mas lá no fundo tenho medo que um dia destes, um de nós decida abandonar o outro sem sequer dar uma explicação.
- Eu também tenho medo. Eu tenho medo de que um dia não estaremos juntos, porque isso me faria sofrer muito.
- Mas então se nós dois sabemos que poderemos sofrer, porque é que vale a pena começar uma relação?
- Porque se não tentarmos, nunca saberia o que poderia ter acontecido. E isso poderia ser algo que nos iria marcar para toda a vida.
- Mas e se...
- Mas e se nós fossemos perfeitos um para o outro? – interrompeu Pedro.
Inês ficou sem palavras. Por alguns momentos, ambos ficaram em silêncio, a olhar um para o outro. Inês apertou com força as mãos de Pedro e por fim decidiu-se a dizer o que tinha medo de dizer:
- Queres mesmo tentar? Apesar de só nos conhecermos há alguns dias?
- Por vezes, podemos conhecer uma pessoa há muitos anos, mas não conhecê-la mesmo. Sabes o que eu quero dizer?
- Sim – murmurou Inês.
- Mas noutras vezes, basta conhecer uma pessoa um segundo para sabermos que ela será a mulher da nossa vida.
- E foi o que te aconteceu.
- Não. Foi o que nos aconteceu. Por mais difícil que seja para ti admitir isso.
Inês sorriu e assentiu com um ligeiro acenar da cabeça.
Depois de pagaram a conta levantaram-se da mesa e saíram para fora do café. A noite continuava fria.
Pedro sem pergutar, pôs o seu casaco nas costas de Inês. Ela sorriu e ele foi atrás dela.
Ambos tinham medo do que poderia acontecer, mas sabiam que se não tentassem, talvez perderia a melhor oportunidade das suas vidas.
Pedro agarrou a mão de Inês. Ela agarrou com suavidade a maõ dele. Enquanto andavam lado a lado de mãos dadas, sentiam que hoje era mesmo o primeiro dia do resto das suas vidas.
De repente estavam ao pé da casa de Inês. Ambos pararam ao mesmo tempo a pensar no que se iria passar a seguir.
- Queres subir um bocado?
- É uma proposta tentadora. Mas tenho de ir dormir, pois estou muito cansado.
Inês pareceu desapontada com a reacção dele. Ela tinha dúvidas sobre o que queria que acontecese naquela noite. Por um lado ela gostava muito dele. Por outro, ainda só tinham saído juntos duas vezes. Mas ficou a pensar no que Pedro estaria a pensar.
- Também acho que foi uma noite comprida. Também me sinto algo cansada. Eu depois telefono-te...
Inês deu um beijo ligeiro nos lábios de Pedro. Este olhou para os olhos lindos de Inês e retribuiu o beijo. Passou com as mãos pelos cabelos longos dela e fechou os olhos. Nenhum deles queria deixar de beijar o outro. Ambos sentiam-se como se estivessem a beijar alguém pela primeira vez.
Era uma sensação indescritível.
Pedro sentiu que nunca tinha beijado ninguém a sério. Pela primeira vez. beijava alguém que amava.
Inês já estava a ficar sem fólego, mas também não quis parar. Ela sentiu que talvez pudesse ser realmente feliz com ele. A sua cabeça era um turbilhão de emoções que a fazia sentir-se confusa.
Quando ambos pararam, sorriram um para o outro. Pedro deu um ligeiro beijo na face da Inês e despediu-se.
Inês ficou a olhar para ele enquanto ele se ia embora. Quando ele desapareceu da sua vista, sorriu e entrou na sua casa.
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