O primeiro encontro
- Nunca fiz uma coisa destas. Mas não sei porquê, quando te vi, soube que tinha de falar contigo – começou Pedro, quando estava a tomar o quarto café do dia. Notava-se que ele já estava a ficar um bocado eléctrico.
- Aposto que dizes isso a todas as raparigas que encontras no elevador – disse a bonita ninfa com uma voz ainda mais, bela do que ele tinha alguma vez imaginado.
- Não sei se vais acreditar, mas eu já te tinha visto antes.
- Pois, pois. Não é a primeira vez que ouço isso. Não tens pontos por originalidade.
- A sério. Por acaso, tinha-te visto ontem e pensei que nunca mais ter iria ver.
- Isto está a ficar um bocado estranho. Normalmente não costuma falar com desconhecidos que encontro no elevador.
- Eu sou o Pedro, tenho 25 anos, trabalho em publicidade, solteiro e bom rapaz.
Já deixei de ser desconhecido.
- Mas ainda não me disseste o teu nome.
- Talvez ainda seja um bocado cedo para revelar. Sabes que sempre me disseram que as mulheres misteriosas eram mais interessantes.
- Uhm. Não sei quem te disse isso, mas essa pessoa está completamente certa.
- Estava só a gozar contigo. Eu sou a Inês.
- Pedro e Inês. Parece-me familiar – disse Pedro, com um ligeiro sorriso.
- Espero que a nossa possível relação não acabe de forma tão trágica- gracejou Inês, com uma graciosidade que só lhe fazia crescer o interesse por ela.
- Já estás a pensar no futuro. Eu estava a pensar num futuro mais próximo. Queres jantar comigo nesta noite?
- Não achas que é muito cedo? Ainda agora nos conhecemos. E porque pensas que quero sair contigo?
- Porque acho que o teu namorado não te merece. Tu precisas de alguém como eu para te fazer feliz.
- Tu estás um bocado presunçoso. E quem disse que eu tinha namorado?
- Uma rapariga tão atraente como tu e com uma personalidade tão cativante, deve ter tido montes de pretendentes. O dificil deve ter sido escolher...
- É essa a tua melhor frase de engate? Penseu que conseguias fazer melhor - disse Inês a gracejar.
- Porque é que não acreditas que eu estou a falar a sério?
- Porque conheço o teu tipo. Infelizmente... - suspirou Inês.
Nesse momento, Pedro olhou para os olhos de Inês e viu um brilhozinho que o emocionou. Não podia estar mais apaixonado. Era algo impensável para um homem com o seu passado.
- Suponho que já tiveste algumas decepções... - disse Pedro, a tentar dar um tom mais sério - Mas alguém que te fez sofrer, não te merece.
- E se por algum acaso, eu decidisse ir jantar contigo. E no dia seguinte um café. Depois um passeio na Praia. Eu começaria a ter sentimentos mais fortes por ti. A nossa relação iria depois para um nivel mais íntimo. E depois? Consegue prometer-me que nunca me irias magoar?
- Eu nunca te magoaria... Nem todos os homens são iguais...
- Eu sei. Mas tu és o tipo de homem com quem eu jurei nunca mais me meter. Aposto que sou apenas mais uma das tuas conquistas. Mais uma para a tua colecção...
- Vou-te dizer um segredo. Apesar de te só conhecer há uma hora, sinto que te posso dizer tudo. Até eu te conhecer, nunca pensei em ter uma relação mais estável. Eu não sou um homem que consegue comprometer-se...
- É assim que pensas convencer-me a jantar contigo? Não estás a fazer um bom trabalho- interrompeu Inês...
- ...mas sinto que és a mulher que me irá fazer mudar de atitude. Eu sinto isso no meu coração. Dá-me uma hipótese e irás ver que não te irás arrepender.
- Eu devo ser a pessoa mais estúpida do mundo...mas...
- Isso é um sim?
- ...Mas há qualquer coisa que me leve a acreditar em ti...
Inês levantou-se de repente da cadeira. E com a voz mais sexy, deu-lhe o número de telemóvel.
- Liga-me quando quiseres o tal jantar... E tu é que pagas...
Pedro sorriu e despediu-se com um beijo na face de Inês. E sentiu novamente o seu perfume que lhe fez instintivamente inspirar profundamente. Era o cheiro do amor...
À medida que Inês se afastava dele, Pedro só pensava que o Cupido tinha acertado em cheio no seu coração...